17 de setembro de 2021
: A imagem é dividida em verde, vermelho e amarelo, as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Ao fundo é possível ver uma cuia de chimarrão, um chapéu preto e um lenço com o brasão do Estado.

Semana Farroupilha: de onde vem as tradições gaúchas?


Pilcha, chimarrão, arroz de carreteiro, churrasco, sagu com creme… Você já parou para pensar quais são as origens de algumas das tradições e iguarias da cultura gaúcha? Nesta Semana Farroupilha, o Vantajão traz curiosidades sobre os costumes que têm origem nos diferentes povos que já habitaram e construíram a identidade do Rio Grande do Sul. Confira neste artigo de onde vem as tradições gaúchas!

Pilcha

Expressão de tradição, cultura e identidade gaúcha, a pilcha, além de uma indumentária gauchesca, é considerada por lei o traje de honra do Rio Grande do Sul. Sua origem vem do início da colonização dos Pampas, reunindo diferentes influências históricas, sociais e culturais, que foram adaptadas ao dia a dia no campo. A base de camisa, lenço, bota e calças largas teve influência espanhola, surgindo com os colonizadores que vieram da região da Andaluzia.

O Chiripá surgiu no século 18, entre as tribos de índios cavaleiros, como charruas e minuanos, sendo uma tira de pano enrolada na cintura, quase como uma saia. A evolução para a bombacha, de origem turca, só veio durante a Guerra do Paraguai, quando era utilizada pelos combatentes mais pobres.

O pala também tem origem indígena, criado para proteger contra o frio e o vento da região, feito de lã, algodão, ou de seda para proteger contra o calor. Já o poncho, uma evolução dessa peça, serve para proteger da chuva.

Chimarrão

Nossa bebida típica é tradicional em várias culturas do sul da América do Sul, pois foi um legado deixado pelos povos originários – quinchas, aimarás, caingangues e guaranis que habitavam os Pampas. Os indígenas tomavam um chá feito com folhas de erva-mate e água quente, em um Porongo, com canudo de taquara e base de fibras trançadas. Parece familiar?

Já sobre o nome, a palavra chimarrão deriva do castelhano cimarrón, e se refere a qualquer bebida preparada sem açúcar (chá, café, etc.). Mate é o termo mais comum nos países que tem o espanhol como a principal língua.

E uma curiosidade: ele foi proibido no Brasil durante o século 16, pois era considerado pelos padres das missões jesuíticas uma “erva do diabo”. Mas os jesuítas mudaram de ideia um século depois, quando incentivaram o consumo do chimarrão para afastar a população do álcool.

Carreteiro

Uma receita tipicamente gaúcha surgiu ainda na época do império, com os carreteiros, transportadores de cargas que atravessavam o sul do Brasil em carretas puxadas por bois. Nas longas viagens, precisavam de um prato que fosse simples e fácil de fazer, com ingredientes que não estragassem durante a jornada.

Assim, surgiu o arroz de carreteiro: preparado pelo viajante solitário, em uma pequena panela de ferro, com charque picado e arroz. Prático e simples, ele substituía o churrasco, que somente poderia ser apreciado em um paradouro, depois de muitos dias de viagem.

Hoje, a iguaria é chamada simplesmente de “carreteiro”, homenageando o nome os seus criadores. Além do tradicional charque, pode ser preparado com carne bovina fresca, picada ou moída, linguiça e sobras de churrasco.

Churrasco

A carne na brasa ao estilo do Rio Grande do Sul nasceu com os povos originários e foi aperfeiçoada com o passar dos séculos.  Os índios tupis, que viviam na nossa região, defumavam a carne sobre grelhas de madeira, técnica que, na época, era conhecido por moquém.

Depois, o Pampa se tornou a primeira grande área de criação de gado, por causa de sua pastagem natural, e é aí que entram os gaúchos na história do churrasco. A carne assada era a refeição mais fácil para o homem do campo, que passava o dia fora e dispunha de uma faca afiada, fogo e sal grosso. Já as estacas de madeira e a carne não eram difíceis de conseguir durante a lida.

Assim, o churrasco consolidou sua importância na formação da identidade cultural gaúcha. O assado é motivo de união entre famílias e amigos, que se unem para confraternizar.

Sagu

A receita de sagu de vinho com creme é uma mistura da cultura dos imigrantes europeus com o conhecimento dos índios. Ela foi criada na Serra Gaúcha com a mandioca, um ingrediente típico da cultura indígena, o vinho, reflexo da imigração italiana, e a tecnologia alemã para criar as famosas bolinhas do doce.

A produção dessas pérolas de fécula de mandioca foi introduzida no Brasil com a chegada de imigrantes, ficando conhecidas como sagu – um nome de origem asiática, para completar a mistura. Isso ocorreu após a transferência da corte portuguesa para o país, onde aconteceram as primeiras tentativas de misturar a mandioca e o vinho. Todas essas influências criaram uma das sobremesas mais amadas no Rio Grande do Sul! 

Gostou de saber mais sobre a história do nosso estado? Aos gaúchos e gaúchas de todas as querências: que nossas façanhas continuem a desbravar novos horizontes, costumes e sabores, agregando as nossas tradições.

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